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Calma, meu Elon Muskezinho!

  • Foto do escritor: Luiz Henrique Alochio
    Luiz Henrique Alochio
  • 14 de mar.
  • 3 min de leitura

Há um vídeo de humor brasileiro circulando na internet fazendo graça com a facilidade que uma pessoa simples adota o discurso dos milionários e influenciadores milionários fake, por vezes até em prejuízo pessoal. O iludido parece acreditar também ser um milionário ou ter os mesmos interesses! Diz um dos personagens do vídeo: “calma aí, meu Elon Muskezinho!”


Sim! É preciso fazer troça do ridículo! Pois vamos ver possíveis outros ridículos ocorrendo a partir daquilo que a imprensa mundial tem repercutido com um ar de certo alarde: o e-mail enviado pelo Departamento de Eficiência Governamental (DOGE na sigla em inglês). Eis o fato: ao assumir o DOGE, Elon Musk teria solicitado o envio de um e-mail para aproximadamente dois milhões de servidores federais perguntando: “diga cinco coisas que você fez no trabalho semana passada.” O contexto está bem simplificado para efeito desse nosso artigo.


Sucedeu o armagedon! Parece que atearam fogo ao Santo Sudário!


Calma Calabrezos! Sem pânico. O objetivo do e-mail enviado pelo DOGE acabou vazando: era tentar respostas que fossem “humanas” para verificação de eventuais contas desativadas ou até mesmo servidores já falecidos. Para isso, a resposta não teria validade se fosse daquele tipo “automático” ou “robô”. Seria mais ou menos como — apesar de diferença de forma, que talvez não tenha sido a melhor — um tipo de “recadastramento” de servidores ativos ou de aposentados, que também fazemos no Brasil.


Quanto a aposentados, por exemplo o DOGE encontrou “Social Security” (uma espécie de CPF de lá) ativo para idades suspeitas: quase 4.7 milhões de pessoas entre 100 e 109 anos; 3.6 milhões entre 110 e 119 anos; 3.4 milhões entre 120 e 129 anos; 3.9 milhões entre 130 e 139 anos; 3.6 milhões entre 140 e 149 anos; 1.3 milhões entre 150 e 159 anos; e depois os números seguem, nas faixas de dezenas de milhares para idades até 180 anos ou mais. Certamente aí existem pessoas falecidas; nem sempre fraudes, mas, há possíveis fraudes para recebimento de pensão duplicada ou pensão de falecidos.


O que se pretendia no e-mail do DOGE não era simplesmente impor uma “resposta de e-mail”, mas, agilizar um verdadeiro recenciamento. Nenhuma razão de alarde.


Morrendo o alarde, qual a razão deste texto? É advertir para o receio dos recém eleitos brasileiros — particularmente em pleitos municipais — quererem imitar e fazer alguma coisa “parecida”.


Primeira cautela: vamos devagar “meus Elon Muskezinhos”. Amados gestores locais ávidos por alguma coisa novidadeira para chamar de sua! A atitude de Elon Musk era justificável. Lembrem-se: ele precisava conferir mais de 2 milhões de servidores em um só “departamento”. E rápido.


Então, caros Alcaides, Edis e Secretários: sua cidadezinha tem de número de habitantes nem uma fagulha daquele número de funcionários. O que não dizer do número de servidores públicos em uma repartição. Na sua cidade basta um bom fofoqueiro ou uma boa fofoqueira para saber quem trabalha e quem não trabalha. Não é piada, prezado CEO-de-Microempresa-Individual!


Portanto, se em 90% dos Municípios brasileiros alguém usar do mesmo expediente — e não duvido que alguém vá querer copiar — será provável que os servidores levem o caso ao Poder Judiciário: não por que o prefeito não possa fiscalizar o mau servidor, mas pelo fato de aquele meio estar colocando no mesmo balaio — e de uma maneira fragorosamente desnecessária — bons e maus, produtivos e improdutivos, os desidiosos e os responsáveis, e assim por diante. Quando bastaria, numa repartição de meia dúzia de gatos pingados, mandar oo gerente — é, ele mesmo, aquele comissionado que foi colocado para ser “chefe” e não sabe “ser chefe” — fazer um relatório individualizado.


Na quase totalidade dos Municípios brasileiros o que veremos é uma coisa esquisita: o nível de gerência e direção (o secretariado, o subsecretariado e daí pra baixo), é quase que seguramente composto por decisões puramente políticas. Quem nomeia não quer nem saber se o nomeado tem alguma experiência com a área da secretaria, e muito menos perguntou se tinha alguma experiência de gestão de pessoas ou gerência de ambiente corporativo. Isso seria exigir muito: nem chego lá.


Com isso, o “chão de fábrica”, o servidor mesmo, efetivo, que no mínimo passou por um concurso, seguramente terá muito mais afinidade com as atribuições do setor que o secretário, gerente ou diretor que deveria — deveria — ordenar os trabalhos para maior eficiência. Muito comum vermos — e basta conhecer a realidade municipal brasileira — que a ineficiência gerencial ou de direção vem acompanhada de dois opostos: (1) o “bom mocismo gente fina”, aquele chefe que nada fará para não criar arestas, afinal, ele mesmo é “ruim de serviço”; ou (2) o outro extremo, quando se vem com a arbitrariedade, como se o “estilo bate-pau” fosse eficiente.


Por isso o presente texto deseja pedir aos Elon Muskezinhos que, por favor, “sejem menas”. Gerenciem suas cidades de uma forma adequada e proporcional à sua REALIDADE LOCAL! Isso é o MUNICIPALISMO! E viva o municipalismo!!!!


 
 
 

Luiz Henrique Antunes Alochio

Sociedade Individual de Advocacia

Reg. OAB/ES 162224021380

Doutor em Direito da Cidade (UERJ)

Mestre em Direito Tributário e Empresarial (UCAM)

Endereço

Rua Antônio Ataíde, 156 (casa)

Centro, Vila Velha - Espírito Santo

Cep: 29100-290

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